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MISHub QI

Engenharia Civil/Arquitectura como carreira

Engenharia Civil/Arquitectura como carreira

Nesta entrevista, buscamos esclarecer as dúvidas mais comuns de quem está a considerar entrar no ensino superior nas áreas de Engenharia Civil e Arquitectura. Através das respostas de recém-graduados e estudantes finalistas, oferecemos uma visão prática sobre os desafios e expectativas ajudando estudantes a tomar decisões informadas sobre o seu percurso académico e profissional.

Por que escolher Engenharia civil/Arquitectura como carreira?

Arq. Ângelo Luís: "Percebi muito cedo a minha inclinação para disciplinas de desenho, assim como exactas. No final do primeiro ciclo tinha de decidir que caminho seguir, tendo como certeza que uma profissão comum 7-15 no estado não era opção, pelo que tinha de decidir entre Arquitectura e Engenharia, tendo optado pela primeira. Os elementos decisivos foram que, entre outros, quando novo vi um episódio de um programa de TV em que se reabilitava ou construía casas para pessoas desfavorecidas, e aparecera o arquitecto responsável explicando o projecto... e foi aí que eu disse "Eu quero fazer aquilo",  para além disso também alinhava melhor porque não queria perder a liberdade (mesmo que condicionada) de sonhar e experimentar, e gostava da ideia de criar."

Eng. Fábio Conge: "Escolhi Engenharia Civil pela minha paixão por matemática, criatividade e a vontade de contribuir com soluções práticas para melhorar a vida das pessoas. Sempre me interessei por infraestrutura, principalmente rodovias e sistemas de drenagem, pois acredito que essas áreas têm um impacto direto no desenvolvimento sustentável e na qualidade de vida das comunidades."

Issufo Ibrahimo: "Desde criança sempre fui fascinado pelas grandes infraestruturas e sempre me imaginei a projectar ou construir tais estruturas como prédios, pontes, barragens, etc. Então, o meu amor pela engenharia vem desde a minha infância e por isso escolhi ela como a carreira. Mas, não vou mentir, também escolhi por ser uma carreira lucrativa..."

Eng.º Francisco Quisele Jr."Desde pequeno, sempre estive em contacto com actividades ligadas à construção como a interpretação de desenhos e plantas. Esta ligação nasceu, em primeiro lugar, pelo facto de o meu pai trabalhar no sector da construção; em segundo lugar, porque, durante o ensino primário e secundário, sempre tive uma maior inclinação para disciplinas como Desenho, Educação Visual, Matemática e Física; e, por fim, porque sempre refleti que o meu país ainda tem um vasto caminho a percorrer em termos de desenvolvimento infraestrutural, tornando esta uma área que, certamente, continuará a ter uma importância fundamental no seu crescimento. Esta paixão foi-se consolidando ao longo dos anos."


Quais os desafios que enfrentou durante a formação e como os superou?

Arq. Ângelo Luís: "Houve momentos de queda, depressão, dúvidas em relação à minha capacidade, pressões internas e externas. Mas o que ajudou muito foi uma lição partilhada por uma professora do secundário, que disse que como estudantes ou aprendizes temos de focar no conteúdo partilhado e não em quem o partilha. Isto ajudou em situações em que sentia (real ou não) alguma hostilidade. Outro input the boa energia era lembrar que se alguém está fazendo o que me está parecendo difícil, eu também sou capaz."

Eng. Fábio Conge: "Os principais desafios foram a gestão do tempo e o equilíbrio entre as disciplinas teóricas e práticas. Muitos projetos acadêmicos exigiam grande dedicação e estudo fora do horário de aulas. Superei esses desafios com planeamento, priorizando as tarefas mais urgentes e buscando apoio dos colegas e professores."

Issufo Ibrahimo: "Um dos principais desafios que tive, foi para me adaptar ao nível superior. Vinha dum ensino médio que não havia me treinado para os que vinha pela frente e, também, no início foi difícil me adaptar usar meios transportes para chegar a faculdade, visto que vim duma cidade (chibuto) onde tudo estava bem próximo... E, sem me esquecer, a pandemia, ela estragou um ritmo muito produtivo que vinha tendo desde o 2 semestre do 1 ano, mas o recuperei com a volta da normalidade."

Eng.º Francisco Quisele Jr.: "Os desafios que enfrentei ao longo da minha formação foram inúmeros. Desde o primeiro contacto com o ensino superior, fui logo confrontado com a pressão característica do primeiro ano, especialmente nas cadeiras de "Introdução à Engenharia" e "Oficinas Gerais" — quem estudou na FENG sabe bem do que estou a falar. Enfrentei também dificuldades em "Química Geral", uma vez que não tive Química na 11ª  e 12ª  classe do ensino secundário. Além disso, retomar o ritmo de estudo após a pandemia foi um verdadeiro desafio. No entanto, superei tudo porque tinha que o fazer. Ninguém me obrigou a escolher este curso, e sabia que, se queria alcançar os meus objetivos, teria que enfrentar estas adversidades. Mas o que realmente fez a diferença foi o grupo de estudo em que me inseri. A motivação mútua que partilhávamos foi fundamental — havia sempre uma tendência de nos apoiarmos e de nos levantarmos uns aos outros em meio às tempestades, o que foi crucial para ultrapassar os momentos mais difíceis."

 

Se não tivesse escolhido Engenharia Civil/Arquitectura, qual seria sua outra opção de carreira? E Porquê?

Arq. Ângelo Luís: "Na altura da escolha, se não fosse Arquitecto seria Engenheiro Civil. São áreas irmãs, a minha base de conhecimento e inclinação acadêmica pendia para esta. Hoje interesso-me por muitas outras disciplinas, mas vem como complemento pois não abriria mão da Arquitectura, Urbanismo e Planeamento Físico."

Eng. Fábio Conge: "Se não fosse Engenharia Civil, provavelmente teria optado por Arquitetura ou Economia. Arquitetura, pela possibilidade de trabalhar em projetos criativos que também envolvem planeamento urbano, e Economia, porque gosto de analisar como recursos podem ser otimizados para o crescimento sustentável de um país. Ambas têm conexão com minha visão de contribuir para o desenvolvimento social."

Issufo Ibrahimo: "Se não tivesse escolhido Eng. Civil como carreira, teria escolhido Arquitectura. Os motivos para tal opção já mencionei na primeira pergunta."

Eng.º Francisco Quisele Jr.: "Se não tivesse escolhido Engenharia Civil, certamente teria optado por Arquitectura, já que ambas as áreas estão intimamente ligadas. Sempre tive um grande interesse por tudo o que envolve design de interiores e a optimização de espaços, sei que arquitectura vai muito além disso. Sempre achei a ideia de criar ambientes funcionais e esteticamente agradáveis interessante. Desde cedo, lembro-me de como passava horas a jogar jogos que estimulavam a criactividade, como o Minecraft no modo criativo, onde podia experimentar livremente a construção e a organização de espaços com os vários tipos de blocos."

 

Acredita que seja importante a busca de especialização após a licenciatura? E porquê?

Arq. Ângelo Luís: "É bom ter um nicho. Ser generalista normalmente não dá grandes ganhos monetários. Coloco assim: Para encher o bolso, especialize-se.  Para encher a cabeça, não te especializes. Depende do que se quer enriquecer, mas é possível também fazer ambos."

Eng. Fábio Conge: "Sim, acredito que a especialização é essencial. O mercado está cada vez mais competitivo, e uma pós-graduação ou mestrado permite aprofundar os conhecimentos em áreas específicas, como transportes, hidráulica ou estruturas. Além disso, a especialização amplia as oportunidades de trabalho e ajuda a enfrentar desafios técnicos mais complexos, mantendo-nos atualizados com as tendências do setor."

Issufo Ibrahimo: "Claro, pois o ensino superior em Moçambique tem como foco ensinar o geral de uma determinada área. A razão é justificável porém, nos tempos actuais, fora de contexto. Pois, como diz o ditado "quem tudo quer, tudo perder" muitos de nós saimos do ensino superior enquanto sabemos um pouco de tudo mas, sem um domínio aparente de uma determinada área.. Por isso recomendo a especialização, para o aperfeiçoamento das habilidades da área que a pessoa escolheu para a sua carreira..."

Eng.º Francisco Quisele Jr.: "Sim, acredito que seja extremamente importante buscar especialização após a conclusão do curso. Sempre encarei a licenciatura como uma espécie de chave que abre a mente, permitindo explorar várias áreas e descobrir em quais nos encaixamos melhor e temos maior afinidade. A partir daí, torna-se essencial aprofundar os conhecimentos de forma mais específica e detalhada, em vez de manter um entendimento generalista. A especialização não só proporciona um domínio mais sólido em uma determinada área, como também nos torna mais competitivos no mercado de trabalho."

 

Existe algo que gostaria de ter sabido antes de começar o curso? Se sim, oquê?

Arq. Ângelo Luís: "Que ser Arquitecto não implica automaticamente vida farta."

Eng. Fábio Conge: "Gostaria de ter sabido mais sobre a importância de desenvolver habilidades práticas, como o uso de softwares técnicos, logo no início do curso. Também teria me beneficiado ao compreender melhor o impacto de áreas complementares, como gestão de projetos e comunicação interpessoal, que são tão importantes quanto o conhecimento técnico."

Issufo Ibrahimo: "Sendo sincero, por causa do meu primo que ja frequentava o curso que escolhi, já tinha informações de como seria estudar o curso. Mas, uma coisa é te dizerem e a outra é estares no local."

Eng.º Francisco Quisele Jr.: "Sim, gostaria de ter sabido que a Engenharia Civil vai muito além da Matemática e da Física."

 

O que te mantém motivado mesmo em momentos difíceis no trabalho ou nos estudos?

Arq. Ângelo Luís: "Querer ser e servir melhor com o meu saber."

Eng. Fábio Conge: "O que me motiva é saber que cada esforço está me aproximando do meu objetivo de contribuir com soluções que realmente importam para as pessoas. Também me inspiro nos resultados concretos do meu trabalho, como um projeto de estradas ou de drenagem concluído. Além disso, apoio da família, amigos e colegas, junto com a visão de crescimento profissional, ajuda a superar os momentos mais difíceis."

Issufo Ibrahimo: "Não trata se de motivação, pois a mesma vem e vai, mas sim de disciplina. Fazer o que é para ser feito independentemente das circunstâncias."

Eng.º Francisco Quisele Jr.: "O simples facto de estar a trilhar o caminho que sempre desejei é, por si só, uma motivação constante."

 

Já se arrependeu de ter escolhido essa área? Se sim, o que o fez mudar de ideias?

Arq. Ângelo Luís: "Não."

Eng. Fábio Conge: "Houve momentos desafiadores, principalmente quando lidava com projetos complexos ou quando surgia a pressão de prazos apertados. No entanto, nunca me arrependi. Esses momentos foram superados ao ver os resultados positivos do meu trabalho e ao perceber que cada desafio é uma oportunidade de aprendizado. A satisfação de ver algo que projetei sendo implementado é impagável."

Issufo Ibrahimo: "Não..."

Eng.º Francisco Quisele Jr.: "Não."

 

Qual conselho daria a alguém que está em dúvida entre seguir Engenharia Civil ou Arquitectura?

Arq. Ângelo Luís: "Primeiro veja se é de facto o que quer fazer, e que seja por Ti. Porque é tua vida e é o que serás e provavelmente farás pelo resto da tua vida. Aprenda o máximo que puder sobre as profissões antes de entrar na faculdade, converse com os profissionais. Não te foques apenas em saber como é a vida na faculdade, pois a faculdade é apenas um meio. Prepare-se para o que vem a seguir, pois esse é o destino."

Eng. Fábio Conge: "Sugiro refletir sobre o que mais desperta sua paixão. Se você gosta de criar soluções técnicas, calcular, planear e trabalhar em infraestrutura com foco funcional, a Engenharia Civil é o caminho. Por outro lado, se tem uma veia mais artística, voltada ao design de espaços e estética, a Arquitetura pode ser mais adequada. Ambas as áreas são interligadas e igualmente gratificantes, mas a escolha depende de onde sua motivação principal está."

Issufo Ibrahimo: "Escolha o que tu gostas e amas pois o teu futuro depende disso, não vai pelo dinheiro, pois o mesmo vem e vai, independentemente da área que tu escolhes..."

Eng.º Francisco Quisele Jr.: "Entendo bem essa dúvida, pois também me encontrei no mesmo dilema quando fiz a minha pré-inscrição. Acabei por escolher Engenharia Civil como primeira opção, mas a verdade é que demorei a decidir, justamente porque sempre achei ambas as áreas fascinantes. Tanto Engenharia Civil como Arquitetura exigem esforço contínuo e um forte comprometimento, cada uma com o seu enfoque: a Engenharia está mais ligada à parte técnica e estrutural, enquanto a Arquitectura foca mais no design, funcionalidade e estética dos espaços. O meu conselho seria: se gostas tanto de criactividade quanto de encontrar soluções técnicas, e te vês a trabalhar na criação de estruturas e no design de espaços, então ambas as áreas podem ser boas escolhas. O segredo é explorar qual delas desperta mais o teu interesse, seja a vertente técnica e estrutural da Engenharia Civil ou a componente mais criativa e artística da Arquitectura. De qualquer forma, ambas são complementares e podem até trabalhar em conjunto em muitos projetos."

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