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Tabela Resumida dos Intervalos de Abaixamento (Slump) do Betão segundo as Normas Europeias
Tabela Resumida dos Intervalos de Abaixamento (Slump) do Betão segundo as Normas Europeias
O Eurocódigo 2 (EN 1992-1-1) e a NP EN 206 estabelecem diretrizes claras para o comportamento do betão em diferentes condições de execução, com ênfase na facilidade de colocação e compactação.
Classe de Trabalhabilidade (S) |
Intervalo de Slump (Abaixamento) |
Descrição e Recomendações de Uso |
S1 (Baixa trabalhabilidade) |
10 a 40 mm |
Betão de baixa fluidez, adequado para elementos estruturais de geometria simples, onde a compactação é feita manualmente. Ideal para betões de alta resistência. |
S2 (Média trabalhabilidade) |
50 a 90 mm |
Betão com boa fluidez, adequado para obras de construção civil convencionais, como pavimentos, vigas e pilares. Compactação por vibração mecânica. |
S3 (Alta trabalhabilidade) |
100 a 150 mm |
Betão fluido, ideal para elementos de formas complexas ou de maior precisão na execução. Utilizado para moldagem de formas no local e obras mais complexas. |
S4 (Muito alta trabalhabilidade) |
160 a 210 mm |
Betão altamente fluido, usado em concreto autoadensável e para preenchimento fácil de formas complexas. |
S5 (Extrema trabalhabilidade) |
220 mm em diante |
Betão de fluidez extrema, indicado para situações como betão autoadensável, onde a movimentação e preenchimento das formas é essencial, incluindo pré-fabricados. |
Observação: A especificação do betão vai muito além do simples controlo do slump test (Ensaio de abaixamento) no local. Embora a tabela apresentada forneça um guia rápido sobre as classes de trabalhabilidade, ela serve apenas como uma referência para os intervalos de abaixamento recomendados, não substituindo a análise detalhada e o conhecimento técnico necessário para cada projecto específico.
Porquê o Slump test Não é Suficiente?
O abaixamento é apenas um dos parâmetros de controlo na caracterização do betão, estando principalmente relacionado à sua trabalhabilidade. Contudo, o comportamento do betão no estado fresco e endurecido depende de uma combinação mais ampla de fatores, como:
- Classe de resistência do betão (C20/25, C30/37, etc.);
- Tipo e granulometria dos agregados utilizados;
- Conteúdo de água e relação água/cimento (a/c);
- Tipo e dosagem de aditivos químicos (plastificantes, superplastificantes, retardadores, etc.);
- Exigências de durabilidade (ambiente agressivo, exposição a sulfatos, etc.);
- Temperatura e condições ambientais durante o transporte e aplicação.
Por exemplo, um betão com abaixamento elevado pode aparentar uma trabalhabilidade adequada, mas sem uma mistura optimizada, pode sofrer segregação ou perda de homogeneidade, comprometendo a resistência e durabilidade da estrutura.
Consulta e Adaptação às Normas
A tabela deve ser entendida como um ponto de partida para identificar a classe de trabalhabilidade apropriada ao tipo de obra, servindo também como ferramenta de controle de qualidade e fiscalização, garantindo que o betão utilizado atenda às especificações técnicas e requisitos de desempenho exigidos para a execução da obra. Para especificações completas, é imprescindível consultar normas técnicas aplicáveis, como a norma NP EN 206-1:2007 “Betão – Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade”, que define os requisitos de composição, produção e conformidade do betão.
Consultar Guia para a utilização da norma NP EN 206-1 aqui.
Além disso, muitas vezes, a seleção correta das propriedades do betão deve ser realizada em colaboração com:
- Peritos na área de engenharia civil ou tecnologia de betão;
- Representantes da central de betão pronto, que podem ajustar a mistura às condições específicas do projecto.
A tomada de decisão sobre o betão a utilizar não deve ser feita de forma isolada ou apenas com base numa tabela simplificada. A análise detalhada e o suporte técnico especializado são indispensáveis para garantir a segurança, a durabilidade e a qualidade da estrutura.
Autor: Eng.º Francisco Quisele Jr.
Data de publicação: 09/01/25
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